A costa meridional do Rio Grande do Sul estende-se por aproximadamente 220 quilômetros de praias oceânicas abertas, delimitada pelas barras do Estuário da Lagoa dos Patos e do Arroio Chuí (na linha de fronteira entre Brasil e Uruguai).

A região encontra-se exposta a severas condições oceanográfico-atmosféricas, com freqüente ocorrência de frentes frias e temporais, o que muitas vezes determina o encalhe e/ou naufrágio de embarcações.

Os vestígios remanescentes destes naufrágios tendem a ser devolvidos às praias, sendo progressivamente soterrados pelas areias, transportadas pelos ventos dominantes de sudoeste e nordeste.

Propõe-se um processo de “arqueologia visual” destes vestígios, através da documentação fotográfica dos mesmos, e a manipulação eletrônica dos registros originais, para realçar, redefinir e transpor as características estruturais, texturais, pictóricas e composicionais destas embarcações soçobradas, bem como os efeitos gerados nas mesmas pela ação ambiental (do mar e dos ventos) e pela atuação antrópica.